segunda-feira, 29 de março de 2010

A odisseia de Ronaldinho Gaúcho no Barcelona


Com Joan Laporta, Ronaldinho recebendo a camisa dez blaugrana (Cesar Rangel – AP Photo)


Ronaldinho Gaúcho chegou ao Barcelona na temporada 2003/2004. O ex-jogador do PSG trocou a França pela Catalunha para ser o “cara” do novo projeto blaugrana. O homem que o atraiu para lá foi Sandro Rosell, ex-diretor da Nike no Brasil, que acabara de ser eleito vice-presidente esportivo barcelonista e que também era amigo do gaúcho. À época, o novo comando do Barça, além de ter Sandro, contava com o presidente Joan Laporta; o vice-presidente de finanças, Ferran Soriano; o vice-presidente de marketing, Marc Ingla; e o diretor esportivo, Txiki Bergiristain, ex-ídolo do clube.

A promessa de campanha de Joan Laporta era trazer David Beckham, mas o inglês acabou saindo do Manchester United para o rival Real Madrid. Porém, o novo presidente blaugrana nunca irá se arrepender de ter contratado o brasileiro. Os 32,25 milhões de euros pagos ao time da capital francesa foram o melhor negócio da nova era barcelonista. Um verdadeiro divisor de águas no mundo do Barça.

O desafio da chegada

O problema para Ronaldinho era o momento de sua chegada. Desde o começo, estava claro que os primeiros companheiros no Camp Nou não permaneceriam muito tempo na Catalunha. Além do craque verde e amarelo, o outro grande nome dessa nova fase seria o técnico. Mais uma vez, um holandês, Frank Rijkaard, ex-volante, com passagens destacadas por Ajax e Milan. O fim da era Louis Van Gaal estava decretado.

Para fazer companhia ao novo camisa dez do Barcelona, chegaram Rafael Marquéz, Quaresma e o goleiro Rüstü. Como todos sabem, os dois últimos tiveram vida curta no Camp Nou. A “Ronaldinhomania” começava a surgir. Logo na apresentação do brasileiros aos culés, 20 mil pessoas foram ao estádio, para darem as boas-vindas ao novo craque do clube. Ronaldinho chegava em um contexto ruim, pois o Barcelona havia ficado em sexto lugar em La Liga 02/03 e, o pior, 22 pontos atrás do campeão Real Madrid.

O primeiro jogo foi realizado longe da Espanha, no estádio Foxboro (Gillette Stadium), em Boston, nos Estados Unidos. O adversário foi a tradicional e forte Juventus, que, na época, era a vice-campeã da Liga dos Caampeões. O resultado: 2 a 2 no tempo normal e 6 a 5 na disputa de pênaltis. A dúvida pairava sobre os culés: o craque traia sorte ao novo clube?

O famoso sinal do Ronaldinho: em Barcelona, foi símbolo de sucesso por muitos anos (Getty Images)

A primeira temporada já mostrou que, com o brasileiro no time, o Barcelona voltaria a ser grande. Mas os blaugranas sofreram muito durante a campanha: a reestruturação do clube foi contestada, a cabeça de Rijkaard foi pedida várias vezes e Laporta chegou a ter a vida ameaçada, pelos setores mais radicais dos culés. O ponto mais baixo da trajetória, em 2003-04, foi a derrota por 2 a 1 para o Real Madrid. O revés para o maior rival não vinha há 20 anos, no Camp Nou. Ao final daquela partida, o Barça estava na 11ª colocação na Liga Espanhola. Ronaldinho acompanhou o jogo das tribunas, com o rosto desolado, pois só voltaria aos gramados na outra rodada.

Quando o camisa dez retornou de lesão, o time foi se acertando e, após três jogos alternando altos e baixos, conseguiu a sequência de 17 partidas sem derrotas, que incluíram vitórias importantes frente à Real Madrid, Valencia, Deportivo La Coruña e Real Sociedad. A série invicta levou o time a segunda colocação em La Liga. Frente ao rival basco, no dia de seu aniversário, Ronaldinho teve muito o que comemorar. A vitória por 1 a 0 veio com cobrança de falta genial do brasileiro, aos 43 minutos do segundo tempo. Com isso, a festa de aniversário ocorreu nos bastidores do Camp Nou. Uma curiosidade mostra como o camisa dez era especial para o clube: o presidente Joan Laporta desceu para a festividade, tendo uma aula de como cantar parabéns em português, com Sandro Rosell, para mostrar carinho ao seu jogador especial. 

Pronto, o time voltava a Liga dos Campeões e teria maior poder de investimento para montar o plantel da próxima temporada. Além disso, o ano de estreia dos novos dirigentes já começava a apresentar resultados, reduzindo as dívidas (primeira vez desde 1997), aumentando o número de sócios e iniciando o processo de modernização do clube, que culminaria na troca completa do gramado do Camp Nou ao final de 2003-04.

O feito de Ronaldinho Gaúcho foi enorme, principalmente, se levarmos em conta os seus companheiros de equipe. Valdés; Rüstü, que não jogava tanto por não ter passaporte europeu; Reizeger; Puyol; Márquez; Oleguer; Giovanni van Bronckhorst; Cocu; Xavi; Gabri; Gerard; Luis Enrique; Davids, que chegou por empréstimo da Juventus em janeiro; Luis García; Overmars; Quaresma; Saviola e Kluivert. Bons nomes, mas existem várias coisas para se pontuar. Os holandeses – exceção feita a Gio – já estavam em fim de carreira e, depois do Barça, a maioria se transferiria para times menores. Luis Enrique vivia seus últimos tempos. Valdés, Oleguer, Xavi, Quaresma e Saviola, eram promessas e sabemos que apenas o goleiro e Xavinho deram certo no Barcelona. O grau de aproveitamento dos não tão jovens, como Puyol, Gabri, Gerard e Luis García, também foi baixo: o zagueiro cabeludo deu certo, os outros logo deixaram o Barça.

Foi na temporada de estreia no Campeonato Espanhol, que ele protagonizou um de seus lances mais geniais naquela ponta-esquerda do Camp Nou. Os três chapéus consecutivos sobre os dois marcadores bascos do Athletic de Bilbao foram um dos cartões de visitas de Ronaldinho. O camisa dez ressaltou que seria importante aos blaugranas, terminando a temporada com 22 gols, sendo 15 em La Liga, o que o colocou como artilheiro do time no ano e no Campeonato Espanhol.

O novo esquadrão estava formado

Os investimentos imaginados vieram e, desta forma, Ronaldinho recebeu novos parceiros. Deco e Giuly, campeão e vice da LC no ano anterior chegaram de Porto e Monaco, respectivamente. Para a defesa, foram contratados os brasileiros Belletti, Edmilson e Sylvinho. No ataque, destaques de outros times da Europa: Eto’o, do Mallorca, e Larsson, do Celtic.

Eto'o e Ronaldinho: conexão perfeita e uma dupla que assombrou a Europa e o Mundo por quatro temporadas (AP Photo)


Um novo esquadrão em azul-grená estava formado e, com este time, o Barça voltou a vencer La Liga, após seis anos de jejum. Agora, os blaugranas já tinham um objetivo: voltar ao topo da Europa. O último e único título da Liga dos Campeões havia sido conquistado com o “Dream Team”, comandado por Cruyff, em 1991-92. Em campo, estavam Ronald Koeman (autor do gol único, na prorrogação da final, contra a Sampdoria), Bakero, Guardiola, Hristo Stoichkov e Michael Laudrup.

Em 2005, Ronaldinho ganhou o prêmio Melhor do Mundo FIFA, Eto'o ficou em terceiro e Messi foi coroado Golden Boy (Reuters)

Novamente, meta traçada e alcançada, com um bônus: o bi Espanhol. Nessas conquistas, um nome teve destaque maior que os outros, Ronaldinho, que foi o craque do título da LC 2005-06 e artilheiro do Barça na campanha, com sete gols. Nessas temporadas abençoadas, o camisa dez blaugrana foi condecorado como Melhor do Mundo FIFA 2004 e 2005 e como Bola de Ouro da revista France Football 2005 – diversos outros prêmios menores também foram conquistados.

Atuações memoráveis

O biquinho maravilhoso, contra o Chelsea, em Stanford Bridge (FourFourTwo)


Além dos prêmios individuais, Ronaldinho colecionou atuações memoráveis. Contra o Chelsea, pelas oitavas de final da LC 2004-05, em Stamford Bridge, ele marcou os dois gols blaugranas naquela noite. Um deles de forma mágica: dançando na frente dos marcadores e, com um biquinho, acertando o ângulo da meta. O belo gol anotado contra o Milan, na primeira fase do mesmo ano, coroou outra exibição de gala. Naquele momento, o Gaúcho sabia exatamente o que representava para o Barcelona e a que patamar havia chegado. Após o elástico, no qual deixou para trás Nesta e Gattuso de uma vez só e chute de canhota – sua perna “ruim” –, saiu falando para quem quisesse ver e ouvir, “eu sou foda”. E de fato era.


Ronaldinho e a exibição de gala frente ao Real Madrid no Real Madrid (Miguel Ruiz/FCB)

Para finalizar, a melhor atuação individual que pude presenciar no futebol. O 0 a 3, no Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu, no dia 19 de novembro de 2005. Ronaldinho Gaúcho marcou dois gols muito parecidos no segundo tempo: partindo da esquerda, anotando sem tomar conhecimento de Sergio Ramos, Helguera, Roberto Carlos e Casillas. A diferença entre seus gols foi que, em um cortou para a direita, e, no outro, para a esquerda, sendo que, no segundo, Roberto Carlos não ficou para trás. A atuação mágica na capital espanhola lhe rendeu honraria só repetida duas vezes na história. Ser aplaudido de pé pelos torcedores merengues foi fato raro e apenas Maradona e Messi conseguiram o feito em “território inimigo”.

Despedida com altos e baixos

Mesmo sendo vaiado nos seus últimos tempos de Espanha, chamado de gordo, o brilho não se resumiu a três ótimas temporadas. Ronaldinho, de vez em quando, aprontava das suas: um gol de bicicleta, cobranças de faltas milimétricas e assistências geniais foram os momentos finais de brilho do camisa dez. Na área de lendas do site do Barcelona, Ronaldinho é lembrado e existem dois vídeos de gols do brasileiro com a camisa blaugrana, que merecem ser conferidos. Acessem o primeiro aqui e o segundo aqui.

 Foi de Ronaldinho o passe para o primeiro gol profissional de Messi com a camisa do Barcelona (Getty Images)


Ronaldinho Gaúcho foi muito importante para o Barcelona, tanto dentro ,quanto fora de campo. Hoje, se o Barça chegou onde está, foi muito por conta do craque brasileiro. Se Laporta tivesse contratado Beckham, a história talvez não tivesse o sucesso que acabou aparecendo. Não nego a importância de Messi, mas a base do time e a estrutura do clube vem lá de trás, quando era o brasileiro quem dava as cartas no Barcelona.

Visca el Barça, Visca Ronaldinho, Visca el Fútbol!


Protagonismo na conquista da Liga dos Campeões, em 2005-06 (Getty Images)

Números de Ronaldinho no Barcelona


Temporadas no Clube: 2003-2008

Jogos: 250

Gols: 110 (94 em partidas oficiais)

Assistências: 81 em jogos oficiais.

Títulos: 2 Ligas (2004-05 e 2005-06), Liga dos Campeões (2005/06) e 2 Supercopas da Espanha (2005-06 e 2006-07)

20 comentários:

  1. Parabéns pelo texto! Muito bem escrito! Realmente, o Ronaldinho é um MITO no futebol e foi essencial para uma nova era no Barcelona. Agora, pelo que ele está jogando atualmente, espero que seja convocado. Resta saber se ele vai render o mesmo...

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  2. ronaldinho foi é e sempre será o maior de todos na europa!!!!!!!!

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  3. ele jogava mto no barça ainda joga mai nao como antes

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  4. RONALDINHO GAÚCHO é, ou melhor era,um jogador sinplismente espetacular mas ele ainda é um grande e inportante jogador no flamengo, merece ser chamado de "R10"

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  5. RONALDINHO SERÁ O MELHOR JOGADOR DO MUNDO DE 2013,2012,2014,E CRAQUE DA COPA AMÉRICA DE 2011 E SERÁ O CRAQUE DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES DE 2013 JUNTO COM O NEGUEBA SUPERANDO MESSI E C.RONALDO E NEYMAR SERÁ O ARTILHEIRO COM O GANSO.
    RONALDINHO GAÚCHO UM JOGADOR SIMPLISMENTE ESPETACULAR.

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  6. R10 sem comentarios, sem ele o Barça não chegaria ao patamar que se encontra hj...

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  7. ronaldinho é o melhor jogador do mundo

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  8. Ronaldinho e magico, igual a ele jamas sera visto um igual, em termos de abilidade podemos dizer q nunca jamas existiu alguem como ele. Basta vcs verem videos dele jogando oq ele faz nenhuma faz em campo

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  9. merece ser chamando de rei e melhor q messi

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  10. O Melhor jogador da HISTORIA DO FUTEBOL
    "RONALDINHO 10"
    saudades

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  11. POha eu diria mais diria exageradamente sem medo de errar que pra Deus fazer outro cara pra jogar dessa maneira que o Ro10 joga cara....... só Deus sabe.!

    R10 mais que idolo uma Religião!

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  12. com certeza o melhor q ja existiu
    sem palavras!!

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  13. obrigado pela informacao deste grande jogado..por me o melhor d todos os tempos

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  14. So nao continua nesse nivel monstro atualmente por conta dele nao ter levado aserio á carreira por conta de festas bebidas farras essas merdas quue fazem jogadores mitos terem pouquissimo auge e trofeus se nao fosse beberrao e pagodeiro estaria ate hoje jogando ao lado de messi e iniesta . Merçenario!!!!!!!!!!

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  15. Maior craque gaúcho de todos os tempos. Sou colorado e admito isso.

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