terça-feira, 13 de julho de 2010

A nova geração alemã, já, quase, preparada para 2014

O terceiro posto na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul não pode ser tratado como uma derrota pelos alemães. E sim como um marco da geração, que cresceu com o país sem nenhuma divisão, e geração esta, símbolo da miscigenação de raças.

O espiríto de equipe alemão foi destaque na África do Sul (AFP)

Entre os 23 atletas que compuseram o elenco da Die Nationalelf em terras africanasm são poucos aqueles que, em 2014, não devem vestir a camisa alemã durante a Copa do Mundo no Brasil. Os goleiros Butt e Tim Wesie terão respectivamente 40 anos e 32 anos daqui a quatro anos e seriam apostas mais arriscadas. Mas as despedidas não se resumem aos goleiros. O zagueiro titular Friedrich terá 34 anos e os atacantes Klose, 36 e Cacau, 33, também têm chances pequenas de representarem a seleção no Mundial brasileiro. Ballack, se não tivesse se lesionado no tornozelo, seria um dos 23 da Die Mannschaft, mas, em 2014, terá 37 anos.

Além do ex-capitão alemão, Ballack, outros atletas se lesionaram antes da Copa do Mundo. O volante Simon Rolfes até pode ter chances de vir ao Brasil, mas, com 32 anos, é difícil cravar sua presença. Metzelder é outro atleta que não esteve em 2010, mas no caso do ex-zagueiro do Real Madrid, a falta de oportunidades no clube merengue atrapalhou. Porém agora, o defensor ganha uma nova oportunidade na Alemanha, no Schalke-04 e, com 33 anos em 2014, se estiver bem, poderá estar entre os 23 da Nationalelf.

Já os outros 18 atletas convocados para 2010 por Joachim Löw estarão com 30 anos ou menos em 2014. Neuer (28), Mertesacker (29), Tasci (27), Boateng (25), Aogo (27), Lahm (30), Jansen (28), Badstuber (25), Khedira (27), Schweinsteiger (29), Toni Kroos (23), Trochowski (30), Özil (25), Marin (25), Podolski (28), Mario Gómez (28), Kießling (29) e Thomas Müller (24).

A base está formada, mas faltam algumas peças. Porém, a história dessa seleção não se resume a precocidade, e, sim, conta com a presença de diferentes raças. Portanto, colocando uma pedra sobre o passado de intolerância racial. A provável seleção de 2014 terá representantes da Alemanha, Bósnia, Polónia e Rússia. Além disso, a Die Mannschaft contará com descendentes de turco, tunisiano, nigeriano e ganês.

Para a camisa número um, duas opções já são quase certezas. O titular da Copa de 2010, Neuer, que terá 28 daqui a quatro anos. O jogador do Schalke 04 é nascido em Gelsenkirchen, fez toda a carreira nos azuis-reais e era o titular da equipe campeã europeia sub-21 em 2009. René Adler é outro nome forte, pois seria o titular na África do Sul, mas teve que fazer uma cirurgia por conta de uma fratura na costela e ficou de fora. Ele e Neuer devem brigar até o fim para ver quem fica com o posto de titular no Brasil.

Para a terceira vaga de goleiro, um nome seria certeza, caso não tivesse decepcionado com a camisa vermelha do Bayern. Michael Rensing, alemão com mãe sérvia, hoje está sem equipe após dez anos no clube bávaro. A diretoria do time de Munique acreditava que ele seria o substituto de Oliver Kahn, mas, na chance que teve, não conseguiu se firmar. Talvez, mais experiente e com uma nova oportunidade sem o peso de substituir alguém como Kahn, possa chegar forte em 2014, quando estará com 30 anos.

Além do ex-jogador do Bayern, os reservas na conquista do Europeu sub-21 em 2009 podem ocupar essa vaga. Tobias Sippel, do Kaiserslautern e com 26 em 2014, é um dos nomes. O outro é Florian Fromlowitz, que também começou a jogar no Kaiserlautern, mas que hoje atua no Hannover 96, e, na Copa no Brasil, estará com 28 anos. 

Mertesacker, o melhor zagueiro alemão em 2010, é nome forte para 2014 (Michael Regan/Getty Images)

A geração de defensores alemães é bem interessante e, em 2014, deve ter muito dos atletas que estiveram na África do Sul. Na lateral-direita, o capitão da Die Nationalelf em 2010, Philipp Lahm. O jogador nascido em Munique e que fez quase toda a carreira no Bayern, aos 30 anos em 2014, é nome certo. O reserva deve ser Adreas Beck, ala do Hoffenheim, titular da equipe campeã sub-21 europeia no ano passado e nome que fazia parte pré-lista de Joachim Löw.

A zaga central tem grandes chances de ter Mertesacker. O zagueiro do Werder Bremen fará no Brasil com 29 anos a sua terceira Copa e, mais uma vez, deve ser o titular. Tasci, que esteve na África do Sul ,é nome forte. O descendente de turcos terá 27 anos em 2014 e já virá com a experiência de ter disputado uma Copa do Mundo. Westermann era mais um jogador que estaria no Mundial de 2010, mas uma lesão no pé esquerdo o afastou da disputa. No Brasil, terá 30 anos e surge como nome forte, principalmente, por jogar também como volante.

Além dos três, mais dois jogadores surgem fortes para esst vaga, mas também poderão ocupar outras posições. Jerome Boateng é nascido em Berlim, porém seu pai era ganês. Neste Mundial o zagueiro atuou também como lateral-direito (em uma patirda, quando teve sua melhor participação) e na ala-esquerda (onde foi titular boa parte da Copa). Badstuber foi titular durante a temporada no Bayern de Munique, jogando tanto como zagueiro e como ala nos dois lados. Na seleção ele começou a campanha na África do Sul como titular na lateral-esquerda e tendo 25 anos em 2014 é nome muito forte.

A ala-esquerda tem mais um nome considerável, Marcell Jansen. O atleta do Hamburgo, que nesta Copa, autou tanto como lateral como no meio-campo, foi bem. Mesmo sendo reserva, entrava sempre e contribuida de forma importante para o time. Em 2014, ele terá 28 anos, portanto, a idade não atrapalha.

O setor de marcação no meio-campo conta com bons nomes. A dupla titular, que fez muito sucesso na África do Sul, terá idade para estar no Brasil. O jogador do Bayern de Munique Bastian Schweinsteiger terá 29 anos, estará ainda mais maduro e, se mantiver o nível, será o titular e dono da meia-cancha. Ao seu lado, Khedira, filho de pai tunisiano e mãe alemã, que também mostrou bom futebol no Mundial, deve seguir forte no Stuttgart, o time da cidade que nasceu.

Além da dupla titular, outros bons nomes no setor mais recuado do meio-campo se apresentam. Simon Rolfes era nome certo para 2010, mas um problema no joelho o atrapalhou. Mas, com 32 anos na próxima Copa, as chances de ser chamado são grandes. Mats Hummels do Borussia Dortmund é nome forte, pois pode atuar também como defensor e foi titular na volância durante título Europeu sub-21 em 2009.

Mas ainda existem outras opções. Träsch volante do Stuttgart, que estaria na África se não tivesse tido uma lesão no tornozelo direito, em 2014 estará com 26 anos. Aogo, que esteve entre os 23 de Joachim Löw na Copa, terá 27 anos e tem a vantagem de atuar também como defensor. Aogo é mais um exemplo da miscigenação na Die Nationalelf, pois ele é descendente de nigerianos. Castro, do Bayer Leverkusen, também é opção, o descendente de espanhois terá os mesmos 27 anos e é mais um titular da campanha do título Europeu sub-21.

Özil, o grande destaque alemão no Europeu sub-21 e que teve boa participação na África do Sul (Blog do Alemão IG)

O setor de criação do meio-campo é mais um que se apresentou muito bem na Copa do Mundo. Todos os meias que estiveram na Copa do Mundo de 2010 têm idade para jogar em 2014. Özil, membro de uma terceira geração de turcos que vivem na Alemanha e que esteve muito bem na Copa, estará com 25 no próximo Mundial. Thomas Müller, grande revelação na África do Sul e que também atua como atacante, estará com 24 anos. O polonês e já experiente Podolski terá 29 anos e é mais um que pode atuar como atacante.

Os três titulares estão prontos, porém os reservas também devem vir jogar a Copa no Brasil. O também polonês naturalizado alemão, Trochowski terá 30 anos e, se não surgir nenhum outro grande meia, virá às terras verde e amarelas. Toni Kroos se comportou bem na última temporada, agora volta ao Bayern e, quando foi utilizado na Copa do Mundo de 2010, se comportou muito bem terá apenas 24 anos em 2014. E outro reserva, Marin, que não recebeu muitas chances de Löw, mas é um ótimo jogador e é outro que evoluirá muito até chegar ao Brasil com 25 anos.

Mais alguns nomes devem surgir, porém a base da meia-cancha da Die Mannschaft está pronta. O ataque talvez seja o setor que pinta como maior ponto de interrogação, pois Miroslav Klose, titular desde 2002, terá em 2014 36 anos - idade que deve impedir a manutenção do desempenho das últimas Copas. Outro que esteve na África e não deve estar no Brasil é o teuto-brasileiro Cacau, pois já terá ultrapassado a barreira dos 32 anos.

Mario Gómez foi muito bem no Stuttgart, mas o bom futebol ficou por lá (Ag. Reuters)

Por outro lado, Kießling terá 30 anos e vem evoluindo muito no Bayer Leverkusen, aposto que no Brasil seguirá no elenco germânico. Mario Gómez, que terá 29 anos, dificilmente virá disputar o Mundial, pois falta condição técnica para ele estar aqui. Porém devo lembrar que, entre as temporadas de 2006-07 e 2008-09, anotou 57 gols com a camisa do Stuttgart, quem sabe próximo da Copa de 2014 ele volta às boas.

O nome da nova geração da Die Nationalelf para o ataque é Sandro Wagner, atacante de 1,94 de altura. Destaque na final do Europeu sub-21 em 2009, fazendo dois gols e, o detalhe, um com a direita e outro com a canhota. O jovem é candidato a estar entre os centroavantes para 2014, quando terá 26 anos e tem possibilidades de ser a pricipal esperança de gols do povo alemão.

Como apresentei aqui, vemos que a seleção alemã larga na frente de quase todas as outras nações do mundo para o projeto de 2014. E ainda pode contar com alguns jogadores que poderão surgir neste intervalo de quatro anos. Outro passo importante seria a manutenção de Joachim Löw no comando desta nova Alemanha. Com isso mais uma vez veríamos a Nationalelf forte em uma Copa.

Abraço a todos

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